A candidíase em homens é comum, embora alguns não apresentem sintomas claros ou todos os sintomas simultaneamente. Contudo, a ideia de um homem ter candidíase sem apresentar qualquer sintoma parece ser mais um mito do que realidade.
Quando há um crescimento exagerado do fungo, os homens podem manifestar sintomas semelhantes aos da candidíase vulvovaginal.
É crucial ter em mente que a candidíase normalmente não é uma doença transmissível, mas sim uma condição resultante do crescimento excessivo de um fungo presente naturalmente no corpo de todas as pessoas. Homens e mulheres de qualquer idade podem ter candidíase em várias partes do corpo (genitais, boca, esôfago, pele em geral, bexiga, intestinos, unhas, couro cabeludo, entre outras áreas menos comuns). A candidíase genital é causada pelo mesmo fungo responsável por infecções como micose de unha e sapinho na boca. É importante mencionar esses pontos para que se tire aquele estigma incorreto de que candidíase é uma doença sexualmente transmissível e que só ataca a área genital.
A transmissão da candidíase de uma pessoa para outra, principalmente através de relações sexuais, pode ocorrer se a pessoa estiver passando por uma crise, porém, isso não é normal. Nesse caso, a contaminação ocorre devido ao contato com uma quantidade significativa de cândida. Esse processo é semelhante ao de uma criança que desenvolve sapinho (candidíase oral) ao colocar objetos sujos ou do chão na boca, nos quais há uma quantidade significativa de cândida. No entanto, a transmissão sexual não é comum, e a maioria dos homens que tem candidíase, especialmente balanopostite (um caso mais avançado da doença), possui outros fatores que contribuem para a proliferação de fungos no corpo.
A candidíase pode ocorrer com mais facilidade em pessoas com sistema imunológico enfraquecido, seja devido a doenças imunodepressoras, como AIDS, lúpus e artrite reumatoide, ou devido a estados de ansiedade e estresse (que também reduzem a imunidade). O crescimento excessivo de fungos também pode ser estimulado pelo consumo de álcool e drogas, incluindo maconha. Além disso, a redução da população de probióticos, as bactérias benéficas que desempenham diversas atividades no corpo humano, como digestão e fortalecimento do sistema imunológico, pode ser uma causa para casos mais graves de candidíase intestinal. Essa redução de bactérias pode ser causada pelo uso de antibióticos, mesmo que por um curto período, medicamentos agressivos como Roacutan (mesmo que tenha sido há muitos anos), outros tipos de medicamentos de uso contínuo, que também prejudicam o sistema imunológico e o equilíbrio da microbiota. Ao contrário do que você pode ler pela internet, excesso de açúcar e má alimentação não causam candidíase.
Abaixo estão alguns dos sintomas mais comuns da candidíase peniana:
- Dor ou desconforto durante a relação sexual;
- Sensação de queimação ao urinar;
- Assaduras na glande;
- Leve inchaço;
- Cortes na pele do pênis;
- Manchas ou placas brancas no pênis;
- Coceira no pênis e/ou região escrotal e virilha;
- Eventual corrimento semelhante ao sêmen.
A seguir, uma lista de fatores que, isoladamente ou em conjunto, podem causar candidíase masculina:
- Diabetes ou predisposição à diabetes: o nível de açúcar no sangue é o principal fator que desencadeia a candidíase em homens. Se você não tem diabetes, verifique se há casos na família e teste o nível de açúcar no sangue;
- Uso de drogas: maconha ou outras drogas imunodepressoras;
- Consumo de álcool;
- Alergias: muitas pessoas têm alergias desconhecidas, portanto, não descarte a possibilidade de sua candidíase ser alérgica porque você “pensa” não ter alergias!;
- Intolerâncias alimentares: ao contrário das alergias, as intolerâncias alimentares raramente são diagnosticadas em exames e podem desencadear sintomas apenas se um determinado alimento for consumido em excesso ou com frequência. Em casos mais graves, o consumo do alimento agressor causa sintomas imediatos, como é o caso da intolerância à lactose e ao glúten, que podem não ter evoluído para doença celíaca;
- Níveis elevados de estrogênio: embora os homens tenham menos estrogênio, fatores como obesidade e uso de certos medicamentos podem aumentar a produção de estrogênio, elevando o nível de açúcar no sangue e predispondo à candidíase;
- Doenças imunodepressoras: AIDS e lúpus geralmente comprometem intensamente o sistema imunológico, dificultando a capacidade do organismo de combater microorganismos oportunistas como a cândida;
- Uso de medicação de uso contínuo: diversos medicamentos têm o potencial de afetar a imunidade, desde antidepressivos até remédios para outras condições;
- Uso de medicamentos com corticoides e antibióticos: esses medicamentos comprometem a capacidade do corpo de combater microorganismos e, no caso dos antibióticos, destroem a população de bactérias benéficas, como os lactobacilos vivos;
- Histórico anterior de uso de medicação com alto impacto na imunidade: por exemplo, o uso de Roacutan, mesmo que tenha sido há muitos anos, compromete de tal forma as defesas do corpo que doenças como a candidíase se tornam mais propensas a aparecerem depois de uma certa idade, quando o corpo naturalmente enfraquece;
- Doenças ocasionais recentes: uma gripe forte, um caso de anemia ou uma cirurgia podem temporariamente afetar a imunidade e permitir a proliferação da cândida.
É essencial diferenciar se a candidíase é esporádica, ou seja, se aparece apenas uma vez ou de tempos em tempos e depois desaparece, ou se é mais persistente ou recorrente. A candidíase esporádica pode ser causada por fatores temporários, como uma gripe intensa ou uso de antibióticos, e pode ser facilmente tratada com medicamentos farmacêuticos, como Fluconazol e pomadas.
No entanto, em casos mais persistentes, é necessário identificar a verdadeira causa do problema, que geralmente está relacionada a um dos fatores mencionados acima, e trabalhar para resolver ou mitigar o problema subjacente, especialmente em condições que não podem ser facilmente corrigidas, como diabetes ou AIDS. Tratar apenas a candidíase sem considerar suas causas é ineficaz, pois o problema subjacente continuará desencadeando futuros episódios da infecção.
Se diagnosticado com candidíase peniana, o homem deve evitar atividade sexual até que a crise tenha passado.
Rosalia Wilson é nutricionista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Rosalia vive atualmente com a família em Nova York, EUA.