Nos anos 90, quando a reposição hormonal pegou fogo e virou coqueluche entre mulheres pré e pós menopausa, era difícil pensar no que poderia dar errado, nos perigos que podiam estar embutidos em algo que tinha tantos benefícios. Quando uma massa crítica de mulheres começaram a sofrer AVCs, derrames, ataques cardíacos e tumores de mama, contudo, a comunidade médica e os institutos de pesquisa se alarmaram. Seria possível que a origem desses problemas estivesse na “benéfica” reposição hormonal?
A terapia de reposição hormonal serve para que sejam repostos hormônios que o corpo feminino já não fabrica mais naturalmente, processo que inicia já após os 30 anos, mas se intensifica a medida que a mulher chega perto da menopausa. Após a menopausa, o corpo a produção de estrogênio cai vertiginosamente. Os efeitos colaterais da falta de estrogênio são muitos, além de incômodos, como ressecamento vaginal, ganho de peso, principalmente nos quadris, queda de cabelo, os famosos “calorões”, perda de memória, osteoporose, diminuição do desejo sexual e um maior risco de desenvolvimento de doenças coronárias.
O que parecia muito bom virou um pesadelo quando essas mulheres, principalmente mulheres pós-menopausa, começaram a sofrer de problemas graves de saúde, principalmente AVCs, um tipo de derrame cerebral.
Qualquer terapia de reposição hormonal precisa ser acompanhada de perto por um cardiologista e por um endocrinologista que devem medir níveis hormonais e verificar a saúde dos vasos sanguíneos. Mulheres com histórico familiar de doenças cardíacas e vasculares (derrames e AVCs) devem manter acompanhamento mais próximo, assim como mulheres acima do peso, já que a gordura eleva naturalmente os níveis de estrogênio.
É possível também a adoção de terapias de reposição com dosagem mínima a fim de amenizar sintomas como calorões e ressecamento vaginal. É importante frisar que qualquer tipo de terapia deve ser iniciada MUITO tempo ANTES da menopausa para que ela realmente faça efeito. Muitas mulheres, numa tentativa de tampar o sol com a peneira só procuram um médico, ou mesmo discutem o assunto com suas respectivas ginecologistas, quando os sintomas começam a ficar insuportáveis. Começar a terapia nessa fase já não é mais tão eficaz e os riscos de inserir hormônios em um organismo que já opera há muitos anos com pouco estrógeno são grandes.
Muitas mulheres começam a sentir leves sintomas da menopausa a partir dos 36, 37 anos (sim, cedo assim!). O histórico familiar é importante, portanto saber em que idade a mãe, a avó e se for o caso, as tias, entraram na menopausa ajuda a determinar se há risco de entrar no climatério já com 40 e poucos anos. A partir dos 35 é recomendado fazer exames para medir os níveis hormonais a fim de identificar imediatamente quando esses níveis começam a sofrer mínimas, porém significativas, alterações. É importante, portanto, ter um valor base, medido antes da mulher entrar em uma fase mais intensa de declínio hormonal para que exames posteriores possam identificar quedas, que outrora seriam passadas por despercebido se não houvesse o exame base feito quando a mulher ainda é jovem (mas não “tão jovem”, por isso os 35 como ano base).
Muitos médicos simpatizantes de alternativas naturais também recomendam a complementação da alimentação de mulher depois dos 30 com derivados da soja (exceto o azeite de soja que é ligado ao aumento do ácido úrico) e óleo de prímula que pode ser consumido em cápsulas. Outros alimentos que contêm isoflavonas (fitoestrogênio) são legumes como feijão, vagem e semente de linhaça. Esses suplementos não substituem a reposição hormonal, mas ajudam na amenização dos sintomas e na manutenção da saúde da mulher depois dos 30 anos (sim, muito antes da menopausa começar!). É importante também saber que como tudo o que é exagerado acaba causando mais problemas do que soluções, o consumo excessivo de alimentos com fitoestrogênio traz os mesmos perigos da terapia hormonal, ou seja, aumenta o risco de câncer de mama, derrames, AVCs e doenças coronárias.
Para manter esses riscos sob controle a solução é sempre verificar os níveis de estrogênio através de exames de sangue, tanto para ver se não estão caindo muito, ou seja, você está entrando no climatério ou se você está pecando por excesso, elevando muito os níveis deste hormônio através da alimentação e suplementos. Mantenha visitas regulares com um ginecologista, um cardiologista e um endorinologista para ter certeza de que todas as áreas possíveis estão sendo verificadas e monitoradas por um profissional competente.
Helen Peterson é psicóloga e escreve sobre saúde emocional feminina e os problemas que as mulheres enfrentam no mundo moderno.